oi💌
tenho vivido um pequeno surto por imagens de animais fofinhos na internet. geralmente os não domésticos me cativam mais. os improváveis.
a ovelha pulando ansiosa em busca do biscoito
a bailarina espanhola dançando e pousando nos corais
os irmãos porcos dormindo abraçadinhos [num guento!]
tudo poesia ❤️🔥
talvez tenha sido mesmo no porquinho que começou minha obsessão. quase tão inteligente quanto nós, afetivo, adorável… e o primeiro a entrar no sandubão. sim, foi pra sensibilizar pra segunda sem carne que comecei a colorir minhas histórias com porquinhos lindos 🐷 e entrei definitivamente no submundo da internet chamado morra de amor por este vídeo aqui! rsrs 😍
o fato é que nos últimos dias disparei uma metralhadora de coisas bonitas como essa no meu perfil do Instagram - o mesmo que uso tantas vezes pra esbravejar absurdos desse país absurdado. noutras pra compartilhar poesia. noutras pra militar. e assim vai… um digníssimo ioiô!
uma amiga, que me conhece como a palma da mão, veio me dizer:
"tô adorando tua fase de bichinhos! seria o teu lado serena florescendo?”
adorei o comentário! me fez pensar… quantos lados será que eu tenho? quantos são permitidos ter? será que já alcancei o máximo disponível? e quando tô num dos lados, o que é feito dos outros? pra onde será que vão?
tempos atrás eu tinha enfrentado uma daquelas ondas de insegurança, raiva, descrença, medo. tudo no brasil me pegava pelo estômago. tudo me deixava exausta [inclusive conviver com gente, como te contei carta passada]
diante de alguma crueldade do senhor que se apresenta como presidente da república, escrevi um textão raivoso - que também gosto de chamar de amoroso, pois é preciso ter muito amor dentro de si pra sentir essa raiva.
uma pessoa próxima questionou: pra quê tanta raiva? como eu me transformei nisso? afinal, sempre fui tão calma e meiga!
bom, lamento não ser esse retângulo unidimensional.
lamento, não.
quero mais é ser um multiverso, um disformato de dimensões incalculáveis. não se calcula porque elas ainda nem existem. eu quero ser essa coisa que vai sendo, aberta a sentir a topada e a dança, seja como for, e mudar de estação quando o vento sopra pro sul ou pro leste, tanto faz.
quando minha amiga diz "o teu lado serena” na conversa sobre os bichinhos, nas entrelinhas diz que tenho muitos lados. e que todos chegam, vez ou outra. há vezes que juntos. e as vezes são muitas.
estar em paz com quem somos é rejeitar os rótulos que nos dão sem termos solicitado. é tirar o chapéu que acham que nos cabe, ver os instintos como uma bússola levando pro lado que [hoje] eu sou.
é entender que nossos lados não são simétricos nem estáticos; são fluidos como nuvens, ora tapam o sol forte e nos protege de arder, ora abrem um clarão e paciência, a gente que saiba lidar com tanto fogo.
cada pessoa é um céu. imenso e cíclico.
o meu agora está azul. e as nuvens todas têm formato de bichinhos. vamos seguir olhando, apontando suas trompas e nos divertindo juntos?
um beijo!
com amor, amanda. 💜
P.S.
✏️por falar em pessoas multiverso, lembrei do ícone das intensidades e dos lados sem fim: Frida Kahlo. esqueça toda mercantilização que se apropriou de sua imagem como mulher inabalável e se permita o mergulho na biografia da verdadeira Frida escrita por hayden herrera. um dos livros mais impactantes, e sem dúvida uma das duas melhores biografias que já li [juntinho com a do Van Gogh]. é de chorar, abraçar o livro, arrepiar e não querer que acabe. sorte que não acaba porque Frida é infinita.
verso
tem noites que me falta a substância dos maracujás e das camomilas. então escrevo:
[está declamado no áudio. acompanha 👂🍃]
.
a troca
um dia amanheceu na minha lua
fez formiga no meu colchão de espuma
não havia grito de máquina nem buzina de gente
só o silêncio barulhento que faz dormir os chinelos
.
decidi aproveitar o dia sem dia nenhum
pra soltar pipas com meus lençóis de algodão
até que subissem onde já não alcanço
rumo ao sol prateado de um dia escuro
que amanheceu só pra mim.
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