oi!
vim te encontrar para ler Virginia, uma de minhas deusas supremas. Vivi que é sempre tão citada em fins de anos com a clássica frase de que ela deseja ser livre e gentil consigo mesma às vezes ler ou não ler, sim dar rolê porém ficar em casa também que poxa é bem gostosinho e comprar uns looks daora.
na minha bolha literária essa é talvez a citação mais compartilhada todo-ano-novo [mas se tu nunca viu, dá um google “Virginia Woolf ano novo” certamente vais gostar, vale bem mais a pena do que meu resumo torto].
e sim eu também amo essa frase, simplesmente resume minhas resoluções desde dois mil e alguma coisa… mas para essa troca de ano resolvi trazer outra versão da Vivi que amo profundamente, a literatura que nos deixa tentando agarrar alguma coisa pelo rabo e talvez sim talvez não somos golpeados por ela.
tremendo de frio, direto de Forninhos a zero grau, Portugal, com passarinhos e interiores e vinhedos mortos-mas-ainda-vivos esperando a próxima estação,
te gravei um pedaço de um dos romances mais importantes do século vinte,
as ondas.
as ondas
os relógios
as cartas
devem ter algo em comum…
.
te desejo um ano cheio de beleza
e que dentro ou fora do tempo
estejas onde desejas estar.
um beijo,
verso
o trecho que leio, da personagem Rhoda:
“O relógio tiquetaqueia. Os ponteiros são comboios marchando por um deserto. As listras negras na cara do relógio são oásis verdes. O ponteiro comprido marchou para encontrar água. O outro cambaleia penosamente entre pedras ardentes no deserto. Morrerá no deserto. A porta da cozinha bate. Cães selvagens latem ao longe. Vejam, a curva do algarismo começa a encher-se de tempo e contém em si o mundo. Começo a desenhar um algarismo e o mundo está contido na sua curvatura, e eu própria estou fora dela; agora, fecho essa curva — assim — e a cerro e torno-a inteiriça. O mundo está ali inteiro e eu fora dele chorando: ‘Ah, não me deixem ficar para sempre fora da curva do tempo!”
As Ondas, Virginia Woolf
Share this post